sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Atividade extra de Redação cancelada!

A atividade que estávamos pensando para sábado (01/10/2011) antes do Simulado presencial ENEM não irá ocorrer.
Quem quiser chegar mais cedo para tirar dúvidas fique à vontade.
Abraços,
Profª Paloma

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Ação afirmativa, educação geral

Projeto piloto da Unicamp oferece curso interdisciplinar que garante acesso à universidade para alunos de todas as escolas públicas de ensino médio de Campinas.
Por: Helena Aragão
Publicado em 20/07/2011 | Atualizado em 20/07/2011
Ação afirmativa, educação geral
O programa segue a tendência de algumas das melhores universidades do mundo ao privilegiar a educação geral. A ideia é preparar alunos para escolher melhor o curso de graduação a seguir. (foto: Antonio Scarpinetti/ Ascom Unicamp)
Cerca de 60% das escolas públicas de Campinas nunca conseguiram colocar um de seus alunos na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Muitos desses estudantes, diante de tal estatística, praticam uma espécie de autoexclusão e nem se submetem ao vestibular da universidade estadual.
Munida desse e de outros dados preocupantes, a equipe da Pró-Reitoria de Graduação da Unicamp, capitaneada pelo físico Marcelo Knobel, resolveu criar um novo projeto de inclusão social, o Programa de Formação Interdisciplinar Superior (Profis).
120 alunos de todas as 95 escolas públicas de ensino médio de Campinas foram escolhidos
A ideia é aliar a nova forma de ação afirmativa com uma proposta de formação geral. Na experiência piloto em andamento desde o começo do ano letivo, 120 alunos de todas as 95 escolas públicas de ensino médio de Campinas foram escolhidos para fazer um curso interdisciplinar de dois anos.
A seleção foi feita com base nas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e contou com os primeiros colocados de cada escola, mais os 28 melhores segundos e terceiros lugares.
Não se trata de uma graduação, mas sim de um curso intermediário, com disciplinas de vários campos de conhecimento, como introdução à economia, ética e bioética, tecnologia da informação, cidadania, entre outras. Quase a metade dos créditos é dedicada a atividades práticas.
“Digo brincando aos alunos que tenho uma inveja saudável deles – sinto falta de uma formação mais abrangente, porque a minha foi muito específica”, comenta Knobel, que é professor do Departamento de Física da Matéria Condensada da Unicamp.
Segundo ele, o programa segue uma tendência mundial, pois várias universidades dos Estados Unidos, Europa e Ásia estão repensando o foco tão específico dos cursos de graduação.
Em interessante apresentação sobre o Profis, ele conta como a tensão entre a formação generalista e ampla está sendo discutida na área de educação desde o século 19.
Hoje, a educação geral é uma tendência nas melhores instituições de ensino e pesquisa dos países desenvolvidos. Um exemplo é o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), que ampliou o leque de áreas contempladas das disciplinas básicas.

Vaga garantida na graduação

“Nosso projeto é proativo”, analisa Knobel. “Contempla alunos que têm potencial, mas acabariam não chegando à Unicamp por causa do funil do vestibular."
"Ao selecionar em todas as escolas públicas, ajudamos a diminuir a concentração regional dos alunos”, diz o físico.
O pró-reitor refere-se à questão da distribuição porque o outro projeto de ação afirmativa da Unicamp, o Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (PAAIS), conseguiu aumentar o número de oriundos de escolas estaduais, mas pouquíssimos vinham de áreas mais carentes de Campinas.
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Profis tem 80% dos estudantes da primeira turma vindos de família com renda 'per capita' inferior a um salário mínimo. Eles recebem bolsa de alimentação e transporte. (foto: Antonio Scarpinetti/ Ascom Unicamp)
O PAAIS contempla estudantes do ensino médio da rede pública com 30 pontos a mais na nota final do vestibular e 10 pontos para candidatos autodeclarados negros, pardos e indígenas, também de escolas estaduais e federais. 
Mesmo fazendo a seleção por mérito e não por critério de renda, o Profis tem 80% dos estudantes da primeira turma vindos de família com renda per capita inferior a um salário mínimo.
Ao fim do curso, no final de 2012, esses alunos receberão um diploma de curso sequencial e terão direito a uma vaga na graduação. A escolha dessas vagas – separadas especialmente para os egressos do Profis, de modo a não diminuir a oferta do vestibular – será por critério de desempenho.
Nessa fase piloto, os alunos da primeira turma do Profis estão sendo acompanhados bem de perto por uma comissão da Unicamp, para se avaliar os gargalos do projeto. E não são poucas as dificuldades.
“É um programa novo, por isso é difícil convencer os alunos e os pais de que vale a pena ‘atrasar’ em dois anos o início da graduação”, observa Knobel. 
Além disso,  diz o físico, o Profis 'compete' com o mercado de trabalho aquecido e ainda com o ProUni, iniciativa do Governo Federal que dá bolsas em universidades particulares.
“É um programa novo, por isso é difícil convencer os alunos e os pais de que vale a pena ‘atrasar’ em dois anos o início da graduação”
“Muitos dos bons alunos das escolas públicas preferem aderir ao ProUni porque as universidades particulares oferecem muitas vagas na parte da noite, conciliáveis com o trabalho durante o dia”, completa o pró-reitor.
Por isso, o Profis já nasceu com um sistema de bolsa, que dá R$ 640 para o aluno gastar com alimentação e transporte. Além disso, Knobel e Francisco Gomes, coordenador do Profis, garantiram para o ano que vem 120 bolsas de iniciação científica para esses estudantes.
Com a experiência de educação geral, o Profis também toca em outro calo do processo de ingresso à universidade.
"Os brasileiros têm que escolher a carreira muito cedo, com isso a maioria dos profissionais acaba atuando em áreas diferentes de sua formação universitária”, explica Knobel.
“O projeto pode ser uma opção às cotas, pois permite inclusão social forte  – acredito que ao fim do curso teremos alunos mais maduros para decidir o curso de graduação.”

Helena Aragão

Ciência Hoje On-line

Elevador: uma máquina de emagrecer e engordar

Na coluna A aventura da física, descubra como subir e descer pelos andares pode variar o peso que a balança marca para você
Por: Beto Pimentel, Colégio de Aplicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Publicado em 22/07/2011 | Atualizado em 22/07/2011
Experimente levar uma balança para o elevador e veja como os números do mostrador variam com os movimentos de subida e descida (Foto: Amendoas / Flickr)
Se você mora num prédio com elevador, faça a seguinte experiência: leve para o elevador uma balança de banheiro, daquelas em que a gente fica em pé em cima e vê num mostrador quantos quilos a gente está pesando. Suba na balança e observe quanto está marcando. A seguir, aperte o botão do térreo e veja o que acontece com o valor em quilogramas mostrado na balança.

Diminuiu por um instante e depois voltou praticamente ao valor anterior, certo? Sim, sim, é muito estranho: até parece que descer de elevador fez você emagrecer por alguns instantes!

Está com a pulga atrás da orelha? Pois se prepare para a segunda parte do experimento: repare o que acontece quando o elevador começa a frear para chegar no térreo. Hum... Agora parece que você engordou por um momento, até seu peso voltar mais ou menos ao que era quando o elevador realmente parou.

A mesma coisa acontece quando você aperta agora o botão do seu andar e o elevador
sobe. Assim que ele começa a subir, você parece pesar mais, e, quando ele está parando para chegar ao seu andar, você parece pesar menos.

Para entender como isso acontece é preciso entender a diferença entre massa e peso, e também o funcionamento da balança.

A sua massa é uma medida da quantidade de matéria que existe no seu corpo, ou ainda uma medida do quão difícil é colocar você em movimento (ou parar você). Já o seu peso é a força com que a Terra atrai você para baixo, na direção do chão.

O peso e a massa estão relacionados. Quanto maior a sua massa, maior a força com que a Terra atrai você para baixo, e é esta força que empurra a mola da balança, fazendo girar o ponteiro (ou o sensor do mostrador eletrônico) que marca quantos quilogramas de massa você tem.

Detalhe importante: a força peso que atrai você em direção à Terra é contrabalançada pela força que a superfície da balança faz em você, sustentando-o de pé em cima dela. Trocando em miúdos, a mola da balança empurra a plataforma onde você pisa, que, por sua vez, empurra o seu pé.

A balança, entretanto, é calibrada na fábrica para funcionar no banheiro, parada. Já no elevador, a força com que a balança empurra seu pé não é sempre a mesma: ela muda quando o elevador entra em movimento e quando ele está prestes a parar. Então a balança acha que seu peso mudou e marca um valor diferente para sua massa.
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Quando o elevador começa a descer, a força que a balança faz em você (seta vermelha) é menor do que o seu peso (seta verde) – essa diferença coloca você em movimento para baixo. Quando o elevador começa a subir, acontece o contrário
Quando o elevador começa a descer, e você e a balança junto com ele, a força que a balança faz em você não precisa contrabalançar o seu peso, porque para começar a descer é preciso justamente que haja uma força puxando você para baixo. Nesse momento, a força que a balança faz em você (para cima) é menor do que o seu peso – essa diferença coloca você em movimento para baixo. Isso fica evidente quando você olha para o marcador da balança e vê que ele está marcando um valor menor para a sua massa.

O oposto ocorre quando você está parado no térreo e aperta o botão do seu andar. O elevador, com você e a balança juntos, começa a subir, e para que isso aconteça é preciso que a força que a balança faz em você (para cima) seja maior do que o seu peso – agora a diferença coloca você em movimento para cima. Do contrário, você não subiria, certo? Isso ficará evidente pelo valor maior marcado na balança.

Agora, se você é observador e acompanhou a experiência até aqui deve estar com uma pergunta na cabeça: por que o valor marcado pela balança só fica diferente durante alguns instantes, na hora em que o elevador começa a descer ou a subir, e não ao longo de todo o tempo em que ele passa descendo ou subindo? Esta é uma excelente pergunta, e a resposta a ela levou a uma das descobertas mais revolucionárias da história da Física. Pense a respeito!


O império do sol

No mês em que comemoramos 100 anos da descoberta de Macchu Pichu, saiba mais sobre o povo inca, que construiu essa cidade incrível
Por: Ronaldo Vainfas, Departamento de História, Universidade Federal Fluminense
Publicado em 27/07/2011 | Atualizado em 27/07/2011
Foto: Flickr
Quem nunca ouviu falar de Macchu Picchu, a cidade sagrada dos incas? É um passeio obrigatório para quem viaja ao Peru. O lugar é belíssimo, lá nas montanhas dos Andes. Pega-se o trem em Cuzco, e aí é um sobe-e-desce permanente: vales e montanhas se alternam no caminho e dá para ver muito bem, em alguns trechos do percurso, vestígios da antiga civilização que existiu nos Andes antes da chegada dos espanhóis.
Chegando a Macchu Picchu, é aquele deslumbramento... É verdade que da antiga cidade sagrada restam apenas ruínas. Mas que ruínas! Dá para se imaginar o esplendor do antigo Império do Sol! Os santuários, as casas do povo, as moradas dos guerreiros e sacerdotes, as escadarias onde se plantavam batatas...
Macchu Picchu permaneceu séculos escondida no meio das montanhas andinas, até que, em 1911, um arqueólogo norte-americano a descobriu. Ninguém morava mais lá, estava completamente abandonada, como se fosse uma cidade fantasma. A essa altura, você deve estar se perguntando: quem a teria construído com tanta grandeza nas montanhas andinas? E o que teria acontecido para que fosse abandonada por todos?

Os construtores das cidades

Construir uma cidade era uma especialidade dos incas. E não só cidades. Eles construíram estradas, caminhos, armazéns, fortalezas, templos, santuários, sem falar nas plataformas agrícolas. Criaram um grande império, cujo o território era maior do que o Peru atual. No início do século 16, o território dos incas cobria boa parte de vários países atuais da América do Sul: o Peru, a Bolívia, o Equador, o noroeste da Argentina, um pedacinho da Colômbia e ainda uma parte do Chile.
Mas vamos voltar um pouquinho no tempo para entender como esse grande império surgiu. Há cerca de 700 anos, quando se fixaram no vale de Cuzco, os incas eram um povo bem modesto. Quase nômades, viviam de um lado para o outro, ficando algum tempo no lugar que oferecia mais chances de sobrevivência. Ninguém sabe direito de onde vieram. Como não conheciam a escrita, não deixaram nenhum documento que explicasse isso. Uns dizem que migraram da Bolívia, e outros que vieram do espaço, o que não se pode realmente levar a sério.
Pouco a pouco, foram se acostumando a viver no vale de Cuzco. Aprenderam agricultura, construíram a cidadezinha e aí começaram os problemas. A disputa de territórios e do poder na região levou-os a entrar em guerra com os povos vizinhos.
Isso tudo aconteceu lá pelo ano de 1400 e tal. O chefe dos incas, na época, se chamava Pachacutec. E foi com ele que os incas iniciaram as suas conquistas, primeiro dominando os vizinhos da serra, depois tomando o litoral.

Organização do império

Para que tudo funcionasse bem, era preciso uma organização perfeita. Em primeiro lugar, organizar a contabilidade: contar as pessoas de cada comunidade, saber quantos trabalhadores podiam ser requisitados sem prejudicar a aldeia, contar os impostos, os sacos de batata, as lhamas, os grãos de milho. Os incas inventaram um modo curioso de contar usando uns cordões com nozinhos coloridos. O número dependia do tipo de nó e da cor. Poucos sabiam manejá-los, sendo alguns incas especialmente treinados para esse fim.
Como controlavam um vasto território, os incas tinham de desenvolver também bons esquemas de comunicação. Daí construírem pontes e estradas. E nas estradas colocavam postos de vigia (tambos), que também funcionavam como armazéns. Em cada tambo, havia um chasqui, funcionário muito importante do império. Era uma espécie de “correio” dos incas. Os chasquis viviam correndo de um lado para o outro, levando as notícias mais importantes ao conhecimento das autoridades imperiais. Eram verdadeiros atletas, capazes de fazer uma notícia da costa chegar a Cuzco em apenas dois dias!
Tudo isso acabou de repente. O império inca, que contava com milhões de pessoas e vários milhares de soldados, deixou-se vencer por pouco mais de 200 espanhóis. Grande mistério.
(Este texto é uma reedição do artigo publicado na CHC 53)